sábado, 16 de janeiro de 2010

É como se fosse úlcera...



O esôfago sangra, a garganta dói em nó, a língua saliva abundantemente com a intenção de ‘lubrificar’. O estomago começa a se sentir rejeitado pelo corpo. E quer sair – talvez até saia tamanha força da contração.
Os olhos levemente escurecem. O pescoço enrijece. Os dentes rangem. Aiii... É a náusea de novo.
A mente finalmente embaralha... O delírio não febril começa... O problema de tudo é o medo... Medo do pensar... Medo do crer no pensar... Medo de ser o pensar...
Caio F. diz: “você só tem que escrever se isso vier de dentro pra fora,... Então vai, remexe fundo,... Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora.”
Mas e como faço se mesmo com o medo ainda quero? Quero sangrar... Quero sentir essa dor... Quero colocar em palavras o que sou.
É um auto-exorcismo, tens razão... Mutilo-me numa ação sádica ao expressar-me por palavras... Dá para sentir vergonha da gente mesmo? Vergonha do que a gente mesmo escreve?
Como pode ser tão grotesco e ao mesmo tempo tão apaixonante se conhecer... Se ler?
E como posso, mesmo depois da paixão declarada, desejar insanamente apagar palavra por palavra? Garantir que mais ninguém lerá aquilo... Acho que isso é parte de minha não aceitação, não é? Parte de meu eu rejeitada por eu mesma.
Vou continuar tentando... Um dia me convenço... Um dia quem sabe consigo ler...
A gente pode fazer assim - é um trato – posso escrever como se fosse para você, o que acha? Assim quando eu ler será para você e não para mim, e não serie eu a ter que aceitar o que leio, essa tarefa será tua... Se aceitares me alivie o peito... Se não, embaralhe-me mais a mente... De qualquer forma virá a (in)compreensão sangrada de mim... Ou por mim, ou por você.

Alguém?

Foi tudo ficando assim d-e-s-i-n-t-e-r-e-s-s-a-n-t-e... Tudo e todos. Será por isso que quero tanto ficar só?
Quero e não quero... Mas quero muito menos estar com alguém que não quero.
E não é que não quero... É que não me interesso... Em alguns momentos penso que o problema está em mim... Por que todos parecem tão – sem graça?
E é um sem graça não de ser sem humor... Um sem graça de falta de cor, de cheiro, de tato, de recheio... Não destes recheios comestíveis, mas que sim, alimentam a alma, o ego, a mente...
Só queria poder conversar... Conversar com alguém que me entendesse... Ou que me dissesse que entende, sem aquela cara de “só estou sendo agradável”... Conversar com alguém que eu quisesse entender... Alguém que me causasse aquela inquieta sensação de – putz... Será mesmo que ele existe?
Alguém com quem eu pudesse compartilhar o que sei... E que quisesse beber de mim... Sugar o que tenho – é pouco eu sei – mas é pouco um tanto interessante.
Alguém que pudesse me contar algo novo... Algo que eu quisesse saber... Algo que me abalasse.
Alguém capaz de rir... Mas não quando eu fizesse graça... E sim quando eu ficasse séria – a gente é tão engraçada quando se fingindo de séria.
Alguém capaz de chorar... De chorar comigo... De chorar por mim, pra mim... Alguém que me fizesse chorar, mas um choro bom... Desses que lava o interior...
Alguém capaz de tocar... Tocar uma rosa sem feri-la... Tocar seus espinhos sem ferir-se... Alguém de toque quente, que derretesse o gelo... O gelo que se criou ao meu redor... Alguém que me tocasse a mão... Ahh... Que me acolhesse com este toque... Que me dissesse com tato silencioso: Estou aqui! Sabe?
Como eu quero alguém...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eis que grita em mim a solidão...



Sinto falta de alguém... De tantos alguéns. Sinto falta de mim... De quando eu e eu conseguíamos conviver de forma harmoniosa.
Sinto falta de ti também... Sabes que foste importante para mim... Eu muito gostava quando tinha você para me ouvir... Muito gostava de seus risos, gritos, choros, caras... De seus braços... Que abraços!
E também, eu era capaz de dizer mais sobre mim... Bastava olhar-me no espelho... Ahh... Que bons confidentes meus ouvidos me foram um dia! Não havia vergonha ao olhar-me... Não que agora haja. Na verdade agora há vazio... Um vazio tão imenso e tão lotado e tão apertado e tão confuso... Que me sufoca! Me empresta umas lágrimas?
E era sempre você ao meu lado... Ou você... Ou os dois... Ou ele... Ou aquele... Como pode ter diminuído tanto as opções? Me lembro de um dia ouvir dizer que isso é a seleção natural da vida... Um vai ficando mais chato... Outro sem graça... Outro desgasta... Outro se mata... De alguma forma muitos vão indo... E eu vou fincando. Não no mesmo lugar... Eu ando, corro, percorro... Sempre em movimento... Sempre aprendendo, aperfeiçoando, abrindo e fechando... E eu vou ficando em mim.
Fica aqui comigo... Só até eu dormir, mas tem que ser todos os dias... Porque amanhã eu vou acordar e vou precisar dormir de novo, e vou precisar de colo de novo, e vou precisar de você aqui... Só até eu dormir.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

In the end



“Todos nós trazemos cicatrizes
Sim todos nós fingimos um riso
Todos nós gritamos no escuro
Nos cortaremos antes de começar.
[...]
Você descobrirá que o seu demônio é o seu melhor amigo
E todos nós buscaremos o fim.”
Scott Matthew

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Esperar...

Vc não vem, não é?
Te esperei, persistentemente... Ainda espero... Freneticamente abrindo e fechando a janela do MSN, contando que em alguma tentativa vc estará lá.
Vi que entrou um momento hj... Tão irônico tempo... Justo nessa hora não pude falar. Quando voltei vc já havia ido... sem uma palavra, uma justificativa. Algo que mesmo me arrebentando pudesse situar-me.
Será que foges, ou repele-me, lança-me de ti?
Te quis muito. Com uma força destroçante... Te quis mais que o dia de amanhã, que a próxima hora...
Permito-me a raiva, por um instante... Mesmo que mentirosamente, desprezo-te.
Queria conseguir gritar que não te quero mais aqui. Que não me merece. Hesito em meu pensamento...
Como te quero... Ahhh... Como eu queria te ouvir falar como ontem, mas que fosse de mim desta vez. Sinto que não tenho o direito de esperar por isso... É como se esse espaço não fosse meu e tenho a sensação que nunca será.
Talvez seja melhor mesmo que não venha... Nem hoje, nem amanhã, nem nunca mais... Quem sabe o tempo me ajuda a esquecer-te... [...]

domingo, 20 de dezembro de 2009

Eu que agradeço...


Não sei se quero mudar isso!
É tudo tão bonito.
Eu sorrindo pra você
Mirando o olhar que disfarça
Você fingindo não querer
Um beijo é bom, mas logo passa.
Se nada é certo é tão possível
Passo a passo
Zero a zero
Encanto lindo que não arrisco só por prazer.
Melhor deixar como é
Sem mão vazia
Sem conclusão
Sem embaraço
Só sei que estou ao seu lado
E sempre tenho você por perto
E é tão melhor assim.
Escute então, que eu mereço
Por que só eu pra te ouvir?
Estou com medo
Pensando muito e seguindo sem ninguém.
(Elânio)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Num papo de msn


Ele:
mas a vida tá aberta
a gente muda
Ela:
sim
Ele:
Hoje gosto de cachorro, não gostava antes
Ela:
ou muda... ou se descobre e pensa que mudou... ou até mesmo se reinventa... o que não é mudança, pois o que se era antes já nem existe mais, então se é novo... é como se tivesse nascido e começado dalí...
Ela:
estamos todos diferentes de ontem amigo... e amanhã estaremos um pouco mais diferentes... se não forem cachorros, música sertaneja ou pessoas, serão decisões, passos ou falas... é só prestarmos atenção e veremos que nada mais é como ontem...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ainda Procurando Um Meio Termo

[...] " A religião era um copo imenso cheio de vinho e respingado por tabacos. Aparentemente atraente, mas suicida após algum tempo."M.W.

Concordância desconcertante... Como pode haver dois mundos tão distintos? Realidades impares que se mesclam em uma única vida... Como lidar com isso? Como assimilar o que se crê, com o que se quer, com o que se tem?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uma Carta Para Um Alguém

Campo Grande 06 de Julho de 2009

Oi meu amor!

É mesmo agoniante essa descoberta do humano...
Frágeis, vulneráveis, inábeis...
A solidão que encontro é apavorante. Porque é um estar só em meio a uma multidão... Entendo muito bem quando vc diz que está sozinho, que sente-se sozinho... Não que se prive de amigos, colegas de trabalho, companhias alheias, não... Até nos permitimos e algumas vezes, (pelo menos comigo é assim), até nos obrigamos a essa convivência conveniente, mas sabemos em nosso íntimo o tamanho de nossa solidão. Não ter com quem compartilhar o que sentimos, como pensamos... As pessoas em geral não estão preparadas para a crueldade ácida de nossos pensamentos, tradução: para nossa sinceridade...
Sinto uma angústia que se confunde com medo.
Não sei se aceito bem a frieza que se instalou em mim... Sempre fui um ser sentimental... E os sentimentos estão vivos em mim... Porém o grito de racionalização os tornam futeis. Por exemplo... Sou um ser apaixonado... Quero amar e ser amada... Porém meu lado analítico, racional sabe quais conseqüências este ato poderá me trazer... Meu senso crítico então aflora colocando em xeque o ser amado em questão: Será mesmo ele merecedor de meu amor?!
Sim eu sei, todos dizem pensar assim... Mas vc bem entende a frieza e exatidão dos pensamentos que circundam minha mente, não é?!
É difícil lidar contra a falta de estimulo na vida... Cansa... Parece que se fala e age pro nada... Tão incapazes de compreender nossas ações... Ai vem aquele sentimento de arrogância.... Uiii...
Ando bem perdida... Não me obrigarei mais a certas coisas... Quero estudar, só não sei o que... Tenho lido muito... Se tudo que leio bastasse como formação... No fim é tudo em vão...
Vale mesmo o dom em tirar proveito dos outros, sobre o outros....
Eu não quero título de santa, aff... Corro longe disso... Mas tb não sou um ser capital como todos... Vivo ali, a ermo.. na margem... Sempre lembrada, porém mais esquecida que nunca... Como o mundo é banal...
Banalizaram o amor e a fraternidade, o respeito humano... Depois julgam quem se rende a comédia da depravação sexual... Hahahaha... Dizem que sexo não é engraçado? Bizarro é a cara de susto de alguém quando vc diz: Já transei a 5... Foi bom!!
Acho que hj vivo a fase revolucionaria que todos vivem na adolescência... Outro dia pensava nisso... Fui sempre a boa moça, responsável e correta... religiosa e piedosa... Tudo isso quando eu deveria ter me perdido... Todos se perdem um dia... cedo ou tarde... Não fiz no cedo, mas graças... não cheguei no tarde... Me perdi hoje, e sei que amanhã estarei mais perdida um pouco...

Beijos,
Sua Fabíola
... Espelhava-me nele... Era confortante ouvir minhas lamúrias em boca alheia... Tão livres de mim...